segunda-feira, 15 de junho de 2009

Empresas refutam acusações de assédio

Empresas refutam acusações de assédio
Folha de São Paulo - 17/12/06

Empresas e instituições financeiras denunciadas à Justiça do Trabalho ou ao Ministério Público do Trabalho por prática de assédio moral informam que repudiam "condutas inadequadas" de empregados e investem em trei-namento para prevenir situações que culminem em constrangimentos e humilhações a trabalhadores.

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirma que o assédio moral não é um problema generalizado no setor nem lidera o ranking de reclamações trabalhistas nos departamentos jurídicos das instituições financeiras.

As principais queixas, de acordo com a entidade, são processos referentes a jornada de trabalho (horas extras) e equiparação salarial.

"Não temos dados que mostrem que há uma epidemia de assédio moral no setor bancário. Existem reclamações, mas são em pequeno número quando se considera a população de bancários, que hoje chega a 404 mil funcionários no país", afirma Mag-nus Apostólico, coordenador de relações trabalhistas da Febraban.

"Os bancos estão dispostos a discutir medidas preventivas para que esse tema [assédio moral] não se transforme em uma nova forma de conflito que tumultue a relação dos bancos com seus colaboradores, como ocorreu com a LER [Lesão por Es-forços Repetitivos]. Foi um modismo que se espalhou por vários segmentos", diz o representante da federação.

Grupo de trabalho

A Febraban e o Sindicato dos Bancários de São Paulo criaram um grupo de trabalho há cerca de um mês para discutir o as-sunto, as metas estabelecidas pelas instituições financeiras e a prevenção de conflitos no local de trabalho.

"A questão de metas tem de ser vista com cuidado. Ninguém trabalha sem metas. Nos bancos, a prova que as metas são atingíveis é que o próprio sindicato da categoria reconhece que a remuneração variável é significativa entre os trabalhadores", diz Apostólico.

O Sindicato dos Bancários diz que encaminhou ao Ministério Público do Trabalho denúncias referentes à prática de assédio moral coletivo em seis bancos entre 2002 e 2005.

"A instalação do grupo de trabalho tem como objetivo excluir a prática de assédio moral da categoria e propor o fim de metas abusivas", afirma Luiz Cláudio Marcolino, presidente do sindicato.

Ele acrescenta: "Com a redução do número de funcionários, a pressão e a cobrança aumentaram. Não é um problema isolado. É generalizado e se agravou com a cobrança de metas para a venda de produtos".

Procurado pela Folha para comentar a ação civil pública instaurada pelo Ministério Público do Trabalho de São Paulo contra o banco, o Bradesco afirmou que ainda não foi citado na ação em referência e que não comentaria o assunto.

Em março do ano passado, o MPT também ingressou com ação civil pública contra o Itaú pedindo que o banco não adote prá-ticas de assédio contra empregados com suspeitas ou com confirmação de doença profissional.

O processo está em curso na 44ª Vara do Trabalho, em fase de perícia. Procurado pela Folha, o Itaú não enviou resposta comentando o assunto até o fechamento desta edição.

A AmBev (Companhia de Bebidas das Américas), que foi condenada pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) do Rio Grande do Norte a pagar indenização de R$ 1 milhão por prática de assédio moral coletivo, disse que o caso em questão "faz parte do passado (2001) e não condiz com a cultura AmBev".

A empresa afirma ainda que investe em treinamento de liderança e gestão de pessoas. "A AmBev disponibiliza canais internos de comunicação para que críticas e sugestões relacionadas ao trabalho possam ser realizadas com total sigilo."

Nenhum comentário:

Postar um comentário